Mãe da culpada teria alegado que a filha sofre de esquizofrenia sem apresentar comprovação
Rio – Lideranças religiosas realizaram, na manhã deste domingo (12), na orla da Praia da Vila, em Saquarema, Região dos Lagos, um ato de repúdio ao vandalismo à imagem de Iemanjá. Na última segunda-feira (6), a estátua foi encontrada no chão do local, vandalizada e com o seu vidro de proteção quebrado.
Cerca de 16 líderes religiosos e filhos de santo compareceram à manifestação, que durou das 10h30 ao meio-dia e foi organizada por Sérgio Luis Dias, presidente da Associação dos Cultos Afro-brasileiros de Saquarema (Afrosaqua). Segundo ele, todos estão horrorizados com o ocorrido. “O nosso povo de axé já vem sofrendo muitos ataques há muitos anos. Só em 2022 foram 1.232 casos de intolerância, racismo e preconceito religioso”. No domingo (5), dia anterior ao vandalismo, a 10ª edição da Festa de Iemanjá de Saquarema foi realizada na região, com encerramento às 17h.
A ocorrência foi registrada na 124ª DP (Saquarema) como “ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo” e “dano”. Ainda na última segunda-feira, a Prefeitura de Saquarema emitiu uma nota informando que câmeras de monitoramento flagraram o ocorrido e identificaram a pessoa responsável pelo vandalismo. Ela foi encontrada e encaminhada à delegacia para prestar depoimento.
“Segunda a mãe da culpada, ela sofre de transtornos psiquiátricos, mas descobrimos que ela não sofre de transtorno nenhum. A mãe ficou de levar laudos (comprovando a condição). No dia em que ela foi conduzida (à delegacia), não levou nenhum, e até hoje não levou. Ou seja, ficou o dito pelo não dito”, diz o presidente da Afrosaqua, adicionando que a mulher é evangélica.
“O momento é de obscuridade, temos que chamar a atenção da sociedade civil e das autoridades públicas para os riscos antidemocráticos diante do crescimento do número de casos de intolerância religiosa em toda a sociedade. É necessária uma apuração exemplar”, pontua o Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro (CCIR).