
Nos dias 21 e 22 de janeiro, o Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), no Centro do Rio de Janeiro, foi palco de um encontro emblemático que marcou a Semana Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. O evento reuniu lideranças religiosas, acadêmicos, ativistas e representantes da sociedade civil para dialogar sobre temas como intolerância religiosa, direitos humanos, educação, e a promoção de políticas públicas voltadas para a proteção da liberdade religiosa e a valorização da diversidade religiosa.
O evento, que foi uma homenagem ao Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa (celebrado em 21 de janeiro), reforçou a urgência de combater o preconceito e a violência contra diferentes expressões de fé, com foco nas religiões de matriz africana, frequentemente alvo de intolerância religiosa no Brasil. Por meio de mesas redondas, documentários e debates inter-religiosos, os participantes destacaram que intolerância religiosa é crime e reforçaram a importância de promover a convivência pacífica entre diferentes crenças.
Reflexões sobre intolerância religiosa e democracia
Durante o evento, o VIII Seminário Liberdade Religiosa, Democracia e Direitos Humanos trouxe reflexões profundas sobre o impacto do avanço de ideologias conservadoras nas liberdades individuais e coletivas. Acadêmicos como o Prof. Dr. Ivanir dos Santos e a Profa. Dra. Christina Vital abordaram os desafios de promover o Estado laico e a pluralidade religiosa em um contexto de crescentes tensões sociais.
Outro destaque foi a II Mostra Nacional de Documentários sobre Liberdade Religiosa e Direitos Humanos, que proporcionou ao público análises sensíveis sobre as relações de poder e o impacto da intolerância religiosa no cotidiano de comunidades religiosas. O projeto “Caminhando a Gente se Entende”, que promove o diálogo inter-religioso, também teve um momento especial de destaque no evento.
A força das lideranças religiosas e das políticas públicas

O evento contou com a presença de diversas lideranças religiosas, como representantes de religiões de matriz africana, do cristianismo, islamismo e judaísmo, que enfatizaram a importância do respeito à diversidade e da implementação de políticas públicas que assegurem a liberdade de culto. Além disso, parlamentares presentes reforçaram o compromisso com a luta contra o preconceito religioso e a promoção de direitos humanos.
A homenagem à Mãe Gilda, uma figura simbólica do Candomblé, destacou a relevância do dia 21 de janeiro como uma data de memória e resistência, marcando a luta contra as violências sofridas por praticantes de religiões de matriz africana.
Educação e o papel do Estado laico
Os debates também trouxeram à tona a importância da educação como ferramenta de transformação social e conscientização sobre a pluralidade religiosa. Especialistas destacaram como a inclusão de temas relacionados à diversidade e à história das religiões pode combater a desinformação e promover uma cultura de paz.
Avanços e desafios para a liberdade religiosa
Apesar dos avanços alcançados, o evento revelou que ainda há muito a ser feito para garantir a liberdade religiosa no Brasil. Dados apresentados durante os debates mostraram que mais de 70% dos casos de intolerância registrados no país envolvem adeptos de religiões afro-brasileiras, evidenciando a necessidade de ações mais efetivas de combate ao racismo religioso.
A Semana Nacional de Combate à Intolerância Religiosa cumpriu seu papel de promover o diálogo, sensibilizar a sociedade e reafirmar que intolerância religiosa é crime. A organização do evento, liderada pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), deixou um importante legado de resistência, educação e promoção dos direitos humanos.


